A Briga Contra o Tempo não tem outro Resultado além da Derrota
O sentimento de finalizar um projeto é maravilhoso, pode ter seu momento de baixa caso você se ponha pressão para fazer uma próxima realização maior porém no final das contas o sentimento tende a ser ótimo, principalmente quando é algo que resiste ao tempo. Mas um sentimento que pode surgir no meio do processo de uma realização dessas é avassalador, ele tende a se concretizar quando você - apesar de querer muito finalizar o tal projeto - é obrigado(a) a adiá-lo.
Suas são as possíveis maneiras na qual consigo pensar para se evitar esse sentimento, são elas:
Não adiar, puxar muito de si mesmo(a) e publicar a obra mesmo assim.
Adiar, aprender com o processo percorrido e com a experiências de outras pessoas como se planejar melhor.
Seguindo a primeira opção quase que indubitavelmente ao manter essa abordagem a médio e longo prazo você vai acabar tendo sérios problemas psicológicos, consequentemente a única opção que consigo ver no momento para conseguir mantendo minha sanidade a médio e longo prazo é a segunda, porém nessa abordagem o psicológico a curto prazo e outros setores da vida ainda pode ser afetado de maneira cruel.
Então como seguir?
Creio que seja buscando um equilíbrio. Podemos perceber a vida como o percurso de um rio e nós como a água, apesar de termos certo poder para definirmos alguns dos nossos caminhos em muito ele vai ser determinado pelo nosso ambiente (aqui uso a palavra ambiente englobando tudo, desde o ambiente físico que você está agora, o digital que te deu acesso a esse texto, o dos seus pensamentos e etc).
Muitas vezes não vamos poder adiar um projeto por termos de cumprir um determinado prazo, as vezes não vamos ter acesso a experiências externas por limitações de acesso a informações, as vezes também acabamos nem tendo acesso as nossas próprias experiências em determinados projetos porque de tão estressante que foi acabamos não lembrando de nada direito. Então creio que entre tudo isso tentar tirar proveito do que se tem de melhor em cada situação pode ser o menos prejudicial para nossa existência.
Sem duvidas fazer isso é difícil e apesar de pouca experiência escutando relatos de outras pessoas, não só das artes mas também de outras áreas, me parece que isso não fica exatamente mais fácil com o passar do tempo, porém a gente começa a entender que apesar de difícil esse ainda é um obstaculo transponível.
Aqui, tendo a ótica de alguém que apesar de estar buscando um trabalho na área artística de desenvolvimento de jogos não tem exatamente um tempo curto para concluir tal objetivo:
É interessante como às vezes a gente acaba caindo muito na armadilha de realizar as coisas dentro de determinados prazos mesmo quando não temos uma real necessidade de fazer as coisas em um curto período de tempo, não tem como eu deixar de pensar que parte forte disso vem por causa dos caminhos que tomamos para criar e manter conexões humanas na atualidade e das pseudo conexões que mantemos tendo uma ilusão de que são reais e profundas.
No dia 23/05/25 não só um dos maiores Brasileiros da nossa história como também um dos mais excelentíssimos mestres da fotografia faleceu, o Sebastião Salgado, e para mim - apesar de nunca ter nem o pessoalmente - esse dia foi emocionante. Os momentos de choro na minha vida estão crescendo porque eu estou cada vez mais me abrindo às emoções, porém no que se refere à morte geralmente muito pouco chego a chorar pois a vejo de maneira muito bela, mas com ele as coisas foram mais intensas.
Muito disso se deve porque em certo período de 2024 eu tive a oportunidade de ler alguns dos seus livros na UFRN, em especial o “Outras Américas” no qual eu tive de ir a uma biblioteca periférica a central, e algo que em muito me marcou foi perceber - apesar disso já estar nítido desde sempre ao ver informações sobre ele na internet - de maneira clara como cada uma daquelas coleções extraordinárias de momentos custaram sempre períodos de tempo maiores que 5 anos.
E esse padrão de longos períodos de tempo para produção de grandes coisas não é exclusivo do Sebastião, se formos observar outros(as) grandes pessoas como Vivian Maier, Leonardo Da Vinci, Sarah Bernhardt, Eliseu Visconti e muitas outras nota-se que nada, ou quase nada, do que restou foi feito as pressas ou sem antes ter sido percorrido uma jornada que possibilitasse a feitura de tais coisas.
Creio que nessa mistura toda de equilíbrio entre as situações vale sempre lembrar que os subprodutos da nossa existência que perduram no tempo são, quase que exclusivamente, feitos com um longo tempo de dedicação direta, ou até mesmo de maneira rápida porém com a exigência de um longo tempo de dedicação indireta - não confunda feito “rápido” com feito de “pressa”, o rápido vem com o treino e a compreensão profunda do que se esta fazendo e a pressa vem da tentativa de fazer o rápido sem o treino nem compreensão do que se faz.
Muito obrigado por ter lido mais uma das minhas danças, depois de muito tempo sem postar agora estou voltando - um bocado inspirado pelas publicações da
- e quem sabe dessa vez eu acaba mantendo um frequência.